
Hoje vamos conhecer uma importante escultura conservada na Galleria degli Uffizi em Florença: Nereida e o Hipcampo. A obra representa a ninfa marinha Galateia sobre um hipocampo, uma criatura mitológica metade cavalo e metade peixe, e acredita-se que tenha sido destinada a decorar uma fonte monumental.
Galateia e o hipocampo
As Nereidas eram as ninfas marinhas do Mediterrâneo, filhas do deus Nereu e de Doris. Elas viviam com seus pais nas profundezas do mar, em uma gruta prateada. As Nereidas eram imortais e de natureza bondosa; apenas se aventuravam à superfície para ajudar os marinheiros que haviam perdido seu rumo. Tinham os cabelos adornados de pérolas e se moviam sobre golfinhos ou cavalos marinhos.
Galateia era uma das filhas de Nereo e, nesta escultura, vemos-a montada em um hipocampo que, na mitologia grega, era uma criatura com o corpo de um cavalo e a parte de trás de um peixe. Nascido das ondas do mar, o hipocampo tinha uma crina abundante e patas palmeadas para poder intervir para salvar pessoas após quedas no mar e defender as embarcações de monstros marinhos muito perigosos.
Quando Galateia se viu em perigo, o hipocampo cavalgou as ondas do mar para ir resgatá-la, para salva-la de um gigante assustador chamado Polifemo. Polifemo se apaixonou por Galateia, já prometida em casamento ao belo pastor, recém-adolescente, de nome Acis. Os dois jovens se amavam muito e ansiavam por se casar.
Apesar de suas promessas de amor, Polifemo não tinha nenhuma esperança com a bela ninfa; e assim, por não ter conseguido atrair a atenção de Galateia com o som do flauta, se vingou dos dois amantes lançando uma pedra que atingiu Acis e o matou. Em memória desse amor, Galateia transformou seu sangue em uma fonte para manter vivo seu laço de amor.
A escultura romana
Preservada por séculos na Villa Medici, esta bela escultura foi levada para Florença em 1780: a obra, do século II d.C., representa a ninfa marinha Galateia montada em um hipocampo e provavelmente destinava-se à decoração de uma fonte monumental. A estátua é atribuída a uma oficina romana, que se inspirou em um original grego (século III a.C.).
No século XVI, a obra sofreu importantes restaurações que afetaram a cabeça, o braço direito, os pés da ninfa, além do focinho e da cauda do hipocampo. A última intervenção de restauração permitiu recuperar a beleza original da escultura, trazendo à luz a suavidade das superfícies e os refinados jogos de luz do drapeado. Durante a limpeza, surgiram vestígios de coloração original no pescoço do hipocampo, com pigmentos vermelhos à base de cinábrio e azuis derivados do carbonato de cobre. Essa restauração também ajudou a confirmar a cronologia da obra, datada do século II d.C., fornecendo preciosas informações sobre sua história e devolvendo ao público uma das esculturas mais fascinantes da antiguidade.
0 comentário