Em 30 de dezembro de 1230, um padre idoso, chamado Uguccione, deixou um pouco do vinho consagrado no cálice durante a missa na igreja de Sant’ Ambrógio em Florença.
No dia seguinte, o padre Uguccione encontrou no cálice utilizado na missa do dia anterior gotas de sangue humano coagulado. O líquido coagulado, foi coletado em uma ampola de cristal e levado à cúria à disposição do bispo, monsenhor Ardingo Foraboschi.
Após um período de observação, a relíquia foi levada de volta à igreja de Sant’Ambrogio, onde ainda é mantida em um tabernáculo de mármore, criado por Mino da Fiesole.
O episódio é descrito em um afresco de 1486, obra de Cosimo Rosselli, preservado na própria igreja. O Papa Bonifácio IX, em 1399, concedeu as mesmas indulgências reservadas a Porziuncola de Assis à igreja de Sant’Ambrogio de Florença.
Afresco do Milagre Eucarístico de Florença – Cosimo Rosselli
A cena é representada na praça localizada em frente a igreja onde aconteceu o milagre em 1230. Trata-se da Piazza Sant’Ambrogio em Florença. A cena se desenvolve com um grupo de padres e freiras a direita, em cima da escadaria da igreja ao redor do relicário que contém o Sangue Santo. A procissão, dividida entre homens e mulheres, é repleta de retratos das pessoas da época.
Na extrema esquerda, está o autorretrato de Rosselli olhando para o espectador. Destaca-se o grupo de três jovens do centro: da esquerda, os neoplatônicos Marsilio Ficino, Giovanni Pico della Mirandola e Agnolo Poliziano.
Detalhe do afresco de Cosimo Rosselli. A exibição do relicário.
O primeiro relicário da ampola de sangue milagroso foi feito, de acordo com o testemunho de um breviário escrito pelas próprias freiras, na época do bispo Ardengo Trotti, que teve a exortação em um sonho. Era uma urna de marfim, com uma decoração fina feito de bisso e incrustações de folha de ouro. O Bisso é o feixe de filamentos pelos quais moluscos bivalves, como o mexilhão, fixam-se ao substrato. Apresenta uma textura similar à seda.
Não há vestígios desse recipiente antigo, exceto no testemunho iconográfico do afresco de Rosselli, enquanto o de hoje remonta a 1511, obra do ourives Bartolomeo di Piero Sasso, que não era muito conhecido. Não está claro, no entanto, se o atual relicário foi feito do zero ou se foi uma re-adaptação do anterior.
Á esquerda o afresco de Cosimo Rosseli e ao fundo o tabernaculo de Mino da Fiesole com a reliquia do Milagre Eucarístico de Florença.
No alto Deus Pai com dois anjos e querubim. Depois podemos ver o Espirito Santo representado pela colomba entre dois querubins. No centro em duas nichas Santo Ambrogio e São Bento, titulares da igreja. Dois anjos levantam o cálice da Eucaristia e o Menino Jesus que abençoa dentro de uma mandorla (amendoa).
A pose do Menino Jesus juntamente com a de Deus Pai acima e, com a Colomba, cria uma representação da Santissíma Trindade, uma referência ao mistério da Eucaristia no qual Cristo se manifesta como alimento da humanidade.
O segundo Milagre Eucarístico
Em 24 de março de 1595, Sexta-feira Santa, irrompeu um violento incêndio na mesma igreja, durante o qual um padre, tentando salvar a píxide com as hóstias consagradas, tropeçou fazendo com que Elas acabassem nas chamas.
Após o incêndio, as partículas, envoltas em um corporal, foram milagrosamente encontradas intactas. Posteriormente, o arcebispo Alessandro Marzi Medici, após investigação, declarou o episódio milagroso, autorizando seu culto.
As relíquias agora estão guardadas na mesma igreja, no tabernáculo da Capela do Milagre do Sacramento, junto com a outra relíquia de sangue coagulado, e juntas são exibidas todos os anos.
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