Nos últimos meses, o Papa Francisco, tem feito diversas aparições em jornais e televisões, diretamente da Biblioteca do Palazzo Apostólico, para orar e falar ao mundo sobre a emergência do corona vírus. Não sei se vocês repararam no quadro que aparece exatamente na parede atrás do Santo Padre. Trata-se da Ressurreição, conhecida também como o Perugino do Papa, que foi roubado pelas tropas de Napoleão em 1797. Levada para a França, a obra foi colocada no Musée Napoléon de Paris.

O Perugino do Papa: história

Biblioteca do Palazzo Apostolico – Foto: Vaticano

A obra foi feita por Pietro Perugino para a igreja de San Francesco al Prato em Perugia.

Em 1815 a obra retornou para Itália e foi levada diretamente para Roma. Desde de 1964 ela se encontra na biblioteca privativa do Papa. Dessa forma, tivemos poucas oportunidades para admirá-la – apenas por poucos segundos, quando o Papa recebe chefes de Estados. Mas, nas últimas semanas, todo o mundo, tem a possibilidade de admirá-la durante as frequentes aparições do Santo Padre.

O quadro mede quase 03 metros, e é uma das obras-primas de Perugino. Foi encomendado por Bernadino di Giovanni di Orvieto em 1499 e finalizada em 1501. Bernardino era membro de uma importante família da Umbria que desejava um quadro para a capela privativa da família localizada na igreja de San Francesco.

Descrição da obra

O Perugino do Papa. Foto: Wikipédia
O Perugino do Papa. Foto: Wikipédia

A iconografia da obra é muito particular, tendo em vista que Cristo não ressuscita no Santo Sepulcro, mas de uma mandorla (amêndoa) sobre a sua tumba semi aberta, uma importante referência da Ascensão. Em uma das mãos, Cristo segura uma bandeira com a cruz do vencedor. Ao redor Dele, quatro soldados: alguns adormecidos e um surpreso.

No fundo da obra, uma paisagem que muito provavelmente é inspirada no Lago Trasimeno, da qual vemos uma pequena igreja com a torre campanaria. A figura de Cristo possui a típica harmonia e doçura das obras realizadas no período maduro do artista. O peito nu de Cristo é representado com muitos detalhes anatômicos. Os anjos, que oram ao redor de Cristo, são simétricos e derivam do mesmo desenho preparatório utilizado pelo artista e seus assistentes em outras obras. A obra hoje é conhecida como o Perugino do Papa.

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Cristiane de Oliveira

Brasileira do Rio de Janeiro, vive em Florença ha 17 anos. Apaixonada por arte, historia e bons vinhos. Guia de turismo e sommelier na Toscana.

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