Rembrandt viveu quase vinte anos em Amsterdam, no número 4 da Breestraat, em Vlooienburg, o bairro judeu onde viviam os exilados espanhóis e portugueses da comunidade sefardita.
O artista comprou uma bela casa e todas as casas vizinhas à sua pertenciam a judeus. O longo período passado nesta zona da cidade colocou-o em contato com personagens singulares e altamente cultos do mundo semítico, que inspiraram a sua pintura, além de lhe apresentar uma nova cultura.
Seus vizinhos não tinham nomes holandeses, eles se chamavam Isaac de Pinto, Salvatore Rodriguez, Ephraim Bueno, Abraham Aboab. Eram mercadores, médicos, rabinos e falavam português, liam literatura espanhola e sabiam hebraico.
De manhã, ele ouvia os gritos em português dos filhos das famílias judias enquanto iam para a escola e nas tardes de sexta-feira ele podia sentir o cheiro dos pratos de cozimento lento preparados para o Shabat.
Do último andar da casa ele viu também a sinagoga e seu vizinho era o rabino da comunidade, o qual ele podia ver através das janelas de sua casa. Um dia Rembrandt perguntou se poderia retratá-lo. O Rabino concordou.
Ele retratou o Rabino sentado em uma cadeira alta de madeira, com as mãos entrelaçadas em primeiro plano e o cotovelo direito apoiado em cima de uma mesa, acima da qual aparece um livro aberto. O rosto absorvido e a barba branca emergem da penumbra, como se iluminados por uma luz interior que realça a sua vida espiritual, dedicada ao estudo e à reflexão, estando sempre imerso nos pensamentos.
Apesar de não ser confirmado através de documentos, o Rabino foi identificado como Haham Saul Levy Morteira, de origem portuguesa.
A alta qualidade da obra não escapou aos oficiais napoleônicos: entre 1799 e 1815 foi levada e transferida para Paris, mas depois voltou para Florença, onde foi exibida a partir de 1834 na Galeria Palatina do Palazzo Pitti.
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