No sexto episódio da série A Semana Santa na Arte, vamos apresentar um joia da arquitetura renascentista: o Tempietto del Santo Sepolcro.

A liturgia do Sábado de Aleluia ((Lc 24,1-12) nos conta do momento que as mulheres, entre elas Maria Madalena, foram ao túmulo de Jesus para levar os perfumes. Elas encontraram a pedra do túmulo de Jesus removida, e ao entrarem, o corpo de Jesus havia desaparecido.

O Tempietto Rucellai visto de frente

O Tempietto de Santo Sepulcro, não é aquele de Jerusalém, mas o de Florença, obra do genial Leon Battista Alberti.

O Tempietto é um monumento funerário em Florença, preservado na capela do Santo Sepulcro, que é a única parte ainda consagrada da ex-igreja de San Pancrazio, que atualmente é sede do Museu Marino Marini.

Giovanni di Paolo Rucellai, um rico comerciante florentino de tecidos, além de ser grande amigo do arquiteto Leon Battista Alberti. Os Rucellai, já tinha encomendado a Alberti, a fachada da Basílica de Santa Maria Novella, o palácio da família (Palazzo Rucellai) e a Loggia Rucellai. O Tempieto, que serveria para abrigar os restos mortais de Giovanni, foi a última obra que Alberti realizou para a família.

A obra foi iniciada em 1457 e finalizada, segundo alguns estudiosos em 1467. Giovanni faleceu em 1481. O Tempietto sempre foi considerado pelos estudiosos uma cópia jerosolimitana entre as muitas que se espalharam no Ocidente durante a Idade Média e na Renascença, nascidas da memória e devoção dos peregrinos que retornavam da Terra Santa.

A forma do Tempietto é inspirada ao Santo Sepulcro de Jesus, mas foi reinterpratado, de forma muito rigorosa, utilizando os cânones clássicos. Possui uma planta retangular, rica no utilizo da proporção áurea. As paredes se erguem com pilastras coríntias, cobertas com painéis quadrados, decorados com incrustações de mármore.

As decorações de mármore presentes nas superfícies do tempietto e todo o seu aparato decorativo foram provavelmente feitas pelo escultor Giovanni di Bertino, como atesta o estudioso Marco Dezzi Bardeschi, na publicação dos “Quarderni dell’Istituto di Storia dell’Architetura“.

Detalhe das inscrustações de mármore na decoração externa do Tempietto Rucellai.
Detalhe das inscrustações de mármore na decoração externa do Tempietto Rucellai.

Os desenhos ornamentais das 30 incrustações de mármore inseridas dentro dos painéis são diferentes entre si. Alguns são inspirados nas formas naturalistas, como as folhas de louro, carvalho, e outros, nas formas geométricas, como a estrela octogonal, a estrela de seis pontas. A geometria das incrustações também estava certamente ligada a significados de emblemas e da astrologia, que despertaram um novo interesse ao longo do Renascimento, graças também à descoberta de alguns textos astrológicos e herméticos.

Alguns desenhos são facilmente reconhecíveis por seu significado representativo:os brasões heráldicos, principalmente de Giovanni Rucellai, de Lorenzo, o Magnífico, Piero dei Medici e Cosimo il Vecchio.

Cappella Rucellai e o Tempietto de Leon Battista Alberti.
Cappella Rucellai e o Tempietto de Leon Battista Alberti.

O Tempietto é composto por uma única sala funerária e infelizmente o acesso não é permitido. Os afrescos colocados no interior foram recentemente atribuídos a Giovanni da Piamonte. Giovanni Rucellai com a construção do Tempietto,i nspirado na forma do túmulo original de Jesus Cristo, queria capturar suas qualidades sagradas e devocionais.

De fato, em 1471, o Tempietto alcançou o status sacramental em uma bula emitida pelo Papa Paulo II, que concedeu cinco anos de indulgência plenária aos fiéis que o visitassem na Sexta-Feira Santa e no Domingo de Páscoa. Assim dizia a bula: “Chiunque si fosse fermato a pregare ai piedi di questo Sepolcro, durante il periodo pasquele della Passione di Cristo, avrebbe ottenuto l’indulgenza plenaria” – “Qualquer pessoa que parou para orar aos pés deste Sepulcro, durante o período pascal da Paixão de Cristo, terá obtido a indulgência plenária”.

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Cristiane de Oliveira

Brasileira do Rio de Janeiro, vive em Florença ha 17 anos. Apaixonada por arte, historia e bons vinhos. Guia de turismo e sommelier na Toscana.

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