A nossa ideia é utilizar a arte, principalmente aquela florentina, para ilustrar os principais acontecimentos narrados no Evangelho dos últimos dias da vida terrena de Jesus. A primeira obra é A Entrada de Cristo em Jerusalém de Santo di Tito.

O Domingo de Ramos

A Semana Santa, a qual recordamos a Paixão, Morte e Ressurreição de Cristo, inicia com o Domingo de Ramos, que comemora a entrada triunfal de Jesus em Jerusalém.

A entrada de Cristo em Jerusalém está presente nos quatro Evangelhos, porém, com algumas variações: Mateus e Marcos dizem que as pessoas acenavam com galhos de árvores ou ramos retirados dos campos, Lucas não menciona isso, enquanto João, fala de palmeiras (Mt 21: 1-9; Mc 11: 1-10; Lc 19: 30-38; Jo 12: 12-16).

Origem dos ramos

O episódio refere-se à celebração da festa judaica chamada Sucot, o “Festival das cabanas”, ocasião em que os fiéis judeus peregrinavam até Jerusalém e subiam ao templo em procissão. Cada um carregava na mão e acenava com o lulav, uma espécie de pequeno buquê feito de galhos de três árvores: a palmeira, símbolo de fé, a murta, símbolo de oração que se eleva em direção ao céu e o salgueiro, cujo formato das folhas recorda a boca fechada dos fiéis, silenciosa diante de Deus (Lv. 23,40).

A jornada era pontuada pelas invocações da salvação (Hosana, em hebraico Hoshana), que ao longo do tempo se tornara uma celebração da libertação do Egito: após a passagem do Mar Vermelho, durante quarenta anos, o povo judeu viveu em tendas, nas cabanas; e segundo a tradição, o esperado Messias apareceria durante esse banquete.

A entrada triunfal de Jesus

Jesus então entra em Jerusalém, sede do poder civil e religioso na Palestina, aclamado como um rei, apesar de estar montado em um burro, como sinal de humildade e gentileza. Os reis entravam com cavalos.
A multidão, que era muito grande, reunida pelos rumores da chegada do Messias, espalhou seus mantos no chão, enquanto algumas pessoas cortavam galhos das oliveiras e palmeiras, abundantes na região, e acenavam festivamente, honrando Jesus, exclamando “Hosana ao filho de Davi”! Bem-aventurado aquele que vem em nome do Senhor! Hosana nos céus! “.

Santi di Tito: A Entrada de Cristo em Jerusalém

A obra escolhida foi a Entrada de Cristo em Jerusalém de Santi di Tito, datada de 1582-83. Encomendada para o altar principal da igreja de San Bartolomeo em Monte Oliveto, desde de 1813, faz parte do acervo da Galleria dell’Accademia em Florença.

A obra, apesar de ser fiel a tradição iconográfica, não deixa de inserir pequenas novidades que conseguem movimentar a cena: o homem ajoelhado na passagem de Cristo, um menino com uma mulher (seria a sua mãe?) à direita, e o jovem vestido de vermelho à esquerda.
Em segundo plano, dois homens arrancam folhas das oliveiras, enquanto uma multidão de homens surge no alto das muralhas da Cidade Santa.

A obra mostra uma especial atenção de Santi di Tito aos diferentes tipos de representação do ser humano, especialmente os sentimentos de afeto nas histórias sagradas.

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Cristiane de Oliveira

Brasileira do Rio de Janeiro, vive em Florença ha 17 anos. Apaixonada por arte, historia e bons vinhos. Guia de turismo e sommelier na Toscana.

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