No sétimo e último episódio da Semana Santa na Arte, escolhemos a Ressurreição de Rubens, um artista belga que passou muitos anos na Itália, para sublinhar o valor universal do Renascimento de Jesus.
O triunfo da Ressurreição de Cristo é magistralmente ilustrado por Rubens em uma tela preservada na Galeria Palatina do Palazzo Pitti. Cristo ressuscitado é uma obra dramática, diferente das outras, que são mais estáticas e meditativas. A teatralidade, tipicamente barroca, é impressionante.
O tema da Ressurreição de Cristo foi abordado várias vezes por Rubens, começando com a grande tela preparada para o cenotáfio de Jan Moretus, realizada entre 1611 e 1612 para a Catedral de Onze Lieve Vrouw, em Antuérpia.
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Um pouco de história
A primeira notícia que temos sobre essa obra é extraída do inventário dos quadros do Palazzo Pitti datado entre 1697-1708: “Cristo resuscitato sedente su certa paglia su il sepolcro.” Em 1698, a tela era exposta na sétima e última sala, chamada de Stanza del Trucco, do apartamento do Granprincipe Ferdinando, juntamente com os quadros de Bassano, Reni, Loth e Guercino.
Essa circunstância levou Marco Chiarini a identificar a obra como aquela enviada pelo Eleitor Palatino, marido de Anna Maria Luisa de’Medici ao Granprincipe. A tela também foi mencionada em uma troca epistolar entre janeiro e abril de 1686. A obra permaneceu na coleção do Granprincipe até a sua morte e depois em 1723 apareceu, na coleção geral do “Guardaroba” do Palazzo Pitti.
Um século depois, a obra foi exposta na Sala di Giove e foi atribuída a Van Dyck. Sucessivamente, foi transferida para o Quartiere del Volterrano, sempre no Palazzo Pitti. Em 1922 a obra foi transferida para a Galleria degli Uffizi, e durante a segunda guerra mundial, foi para a Villa di Poggio a Caiano e depois novamente para o Uffizi. Após tantas idas e vindas, a obra retornou definitivamente para o Palazzo Pitti em 1977.
Descrição
A Ressurreiçao de Cristo de Rubens da Galleria Palatina é caracterizada pelo surpreendente atletismo do corpo de Jesus, retratado no momento de se levantar da tumba, vivo e vitorioso sobre a morte. É uma obra de grande poder evocativo que anuncia uma mensagem de renascimento: o triunfo da luz sobre as trevas. O Cristo ressuscitado é pego no ato de subir do sepulcro, voltando o olhar para o espectador que se torna participante da manifestação do Divino.
O anjo ao lado Cristo é um jovem adolescente com cachos dourados e com um gesto de grande naturalidade, fica na ponta dos pés e se apoia com o joelho no sarcófago. A obra de Rubens é um Cristo triunfante. O corpo nu invadido pela luz divina em contraste com o azul do céu é de uma beleza surpreendente e lembra os nus de Michelangelo na Capela Sistina, porém reformulando dinamicamente o movimento da perna direita de Cristo no Juízo Final.
O corpo de Cristo também é inspirado a estatuária clássica – parece um Giove antigo – que o artista havia estudado durante sua viagem à Itália. Á direita de Jesus, em alto, dois anjos fofinhos completam e equilibram a cena, segurando a coroa de espinho, símbolo da Paixão de Cristo.
Reparem os personagens representados em primeiro plano: o desenho é bem definido e as cores são fortes, enquanto o fundo da composição é um pouco mais indefinido. Essa técnica era muito usada por Rubens para poder colocar em evidência os protagonistas da cena.
Para finalizar, vemos em cima da tumba, espigas de trigo. Trata-se de uma simbologia muito antiga e era usada para representar o despertar da natureza, depois do período invernal, além de ser também, o símbolo universal da Eucaristia.
A série Semana Santa na Arte, retornará no próximo ano, com novas obras e novos artistas, para ilustrar os principais momentos da Paixão, Morte e Ressureição de Cristo.
Aproveitamos para desejar à todos os nossos leitores, um Feliz e Santa Páscoa!
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