Passeando na Piazza della Signoria, uma grande estátua equestre de bronze nos chama atenção: é o grão-duque, todo poderoso Cosimo I. Costumo dizer para os meus clientes que ele é o cara! Assim, no artigo de hoje, iremos conhecer o Monumento Equestre de Cosimo I dos Medicis.
A estátua, foi realizada por Giambologna, o maior escultor ativo em Florença naquela época. O Monumento Equestre de Cosimo I foi encomendado por Ferdinando l dos Medicis em 1587 como uma homenagem póstuma ao seu pai.
O projeto era grandioso, pois era a primeira que uma grande escultura equestre de bronze seria realizada na cidade. Mais tarde, Giambologna receberá a incumbência de realizar outra estátua equestre para a Piazza Santissima Annunziata: a de Ferdinando I, seu mecenas.
Giambologna se inspirou nos modelos equestres do Gattamelata de Pádua e Bartolomeo Colleoni de Veneza realizados pelos florentinos Donatello e Andrea del Verrocchio, respectivamente.
Uma outra fonte de inspiração de Giambologna foi a cabeça de cavalo helênica que pertencia a coleção da família Medici e hoje é conservada no Museu Arqueológico de Florença.
O cavalo foi feito em apenas uma fusão. Em 1594, 20 anos após a morte de Cosimo I, o monumento equestre de Cosimo I foi inaugurado.
No pedestal de mármore foram colocados baixos-relevos com representações de importantes episódios da vida de Cosimo: a eleição de duque no senado florentino, a entrada triunfal em Siena após a conquista de Florença e o recebimento do título de grão-duque conferido pelo Papa Pio V.
A obra mostra um cavalo dinâmico e musculoso, o que revela um grande estudo naturalístico. Na cabeça do cavalo, realizada com maestria, chama atenção os cachos da crina que são sacudidos pelo vento.
O Cavalo e a Castanha
Reza a lenda que no dia da inauguração do monumento equestre de Cosimo I, Giambologna se escondeu para poder escutar as críticas do povo. Eis que aparece um camponês a dizer que o cavalo parecia vivo, que foi realizado de forma quase perfeita, mas faltava a “castanha” do animal. E era verdade! A castanha é uma calosidade que o cavalo possui na parte interna superior da pata dianteira. Assim, num segundo momento, Giambologna fez a castanha que faltava na pata direita do animal, para que a obra fosse considerada perfeita pelos florentinos.
O Monumento Equestre de Cosimo I: Segunda Guerra Mundial
Florença foi ocupada durante a segunda guerra mundial pelos alemães. No mês de agosto de 1943, os funcionários locais desmontaram o grande Monumento Equestre de Cosimo I que pesa “apenas” 08 toneladas e o transferiram por motivos de proteção devidos a eventuais bombardeios para a Villa Medicea de Poggio a Caiano, nos arredores de Florença. E como fizeram para transferir uma obra tão pesada? Usando uma carroça puxada por bois!
Após a liberação de Florença, o retorno do Monumento Equestre de Cosimo I, era quase uma urgência para os florentinos. O monumento na verdade é composto de duas peças: o cavalo e o cavaleiro. Depois de diversos planos preparativos, uma grua colocou o cavaleiro (Cosimo) dentro da carroceria de um caminhão. O cavalo, muito maior e mais pesado se revolou mais difícil de ser transportado.
Assim, foram colocadas tábuas de madeira protetivas entre as patas do cavalo. A obra, então, foi posicionada em um plano inclinado, também de madeira. Foi necessário 3h30 para colocar o monumento na carroceria do caminhão, usando uma técnica quase que primitiva.
Assim, um soldado americano chamado Smokey subiu em cima da escultura durante o deslocamento para poder levantar os fios de telefone e telegrafo longo a estrada que o caminhão percorreria. Enquanto o soldado, tentava se equilibrar dentro do buraco que servia para unir o cavalo e o cavaleiro, Smokey gritou: “Capitão este cavalo é cheio de fezes. Os italianos defecaram dentro!” Imaginem a cena do pobre soldado dentro de um cavalo cheio de cocô!
Apesar de Florença ser distante de Poggio a Caiano somente 22km, o percurso durou 1h30, por causa da chuva e das frequentes paradas do caminhão. E chovia ainda… Tô com pena do soldado… Que situação! O Monumento Equestre de Cosimo I, chegou em Florença por volta das 15h e foi recebido pelas autoridades e centenas de florentinos na Piazza della Signoria. O momento “Clou” foi quando um charreteiro fiorentino, tirou o chapéu e disse: “Bentornato Cosimo!”
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