A Batalha de Scannagallo (conhecida na história também como a Batalha de Marciano) foi travada entre o exército franco-sienense, sob o comando de Piero Strozzi, contra o exército Hispano-Medici contratado pelo imperador Carlos V , confiada a Cosimo I de ‘Medici.

A batalha aconteceu em Val di Chiana, nas colinas adjacentes a vala de Scannagallo e o desfecho desfavorável para os sieneses marcou o ponto de virada na Guerra e um golpe fatal para a República de Siena, forçada a render-se definitivamente ao inimigo cinco anos mais tarde.

Cosimo I dos Medici

Cosimo I dos Medici desejava ardentemente expandir o seu domínio por todo o território da Toscana. Especialmente, ele sonhava com o domínio do território de Siena, pois com essa conquista, as três estradas que vinham do norte em direção a Roma, passariam pelas terras do Grão-Ducado da Toscana.

Siena e Pietro Strozzi

A França de Henrique II e Catarina dos Medici, desejava assumir uma importância política no território italiano e assim apoiou Siena em relação aos poderes do Imperador Carlos V, da Espanha. Dessa forma, o Imperador confiou a contra ofensiva espanhola a Cosimo I e as suas tropas, guiadas pelo general Gian Giacomo de’Medici, conhecido também como Medichino.

As tropas francesas que sustentavam a defesa da República de Siena eram comandadas por Pietro Strozzi, filho de Filippo Strozzi. Os Strozzi, eram velhos conhecidos dos Medici, pois as tropas de Cosimo I dos Medici já haviam combatido com Filippo Strozzi em 1537, na Batalha de Montemurlo.

A Batalha de Scannagallo

A Batalha de Scannagallo – Giorgio Vasari – Palazzo Vecchio, Florença

O episódio decisivo da guerra entre Florença e Siena aconteceu no dia 02 de agosto de 1544, na localidade conhecida como Marciano na Val di Chiana, onde Pietro Strozzi transferiu as tropas de Siena. Pietro sabia que a defesa de Siena estava comprometida principalmente por causa da carência de alimentos devido ao assédio das tropas imperiais e que somente uma vitória em campo de batalha poderia fazer girar a sorte dos sieneses.

A Batalha de Scannagallo foi violentíssima, durou somente duas horas e se resolveu de forma desastrosa para Siena, provavelmente vítima da traição de um oficial francese. o exército de Siena teve milhares de mortes (cerca de 4.000), feridos e prisioneiros. Pietro Strozzi foi ferido, mas conseguiu se refugiar em Lucignano.

Durante a retirada, o exército de Siena foi confiado por Piero ao capitão Clemente della Cervara e ao bolonhês Cornelio Bentivoglio. A batalha perdida acabou com o cerco de Siena que finalmente se rendeu ao inimigo em 17 de abril de 1555. Assim, o duque Cosimo conseguiu afirmar seu poder sobre toda a Toscana.

Strozzi e Bentivoglio continuaram a resistência em Montalcino, hospedando os exilados sieneses em Montalcino, até a rendição final em 1559.

Para Pietro Strozzi a Batalha de Scannagallo representou o fim da carreira militar e política. Siena em 1555 passou definitivamente sob o domínio do Duque Cosimo I, enquanto os franceses tiveram que esperar quase 300 anos para entrarem em Florença como conquistadores, com as tropas napoleônicas.

Florença em festa

Piazza Santa Trinitá em Florença e a Coluna da Justiça

Quando a notícia da derrota dos sieneses chegou em Florença, o povo fez uma grande festa. Naquele momento Cosimo se encontrava na Piazza Santa Trinità e para relembrar a vitória mandou colocar uma coluna proveniente das Termas de Caracalla, presente do Papa Pio IV. Quando Cosimo foi proclamado Grão Duque da Toscana, foi colocado uma escultura da Justiça na parte superior da coluna. A Batalha de Scannagallo também é recordada no afresco feito por Giorgio Vasari no Salão dos Quinhentos do Palazzo Vecchio.

E assim, o fatídico 2 de agosto de 1554 foi o dia em que foi decidido o destino de uma república e iniciada a história de uma região: a Toscana.


Cristiane de Oliveira

Brasileira do Rio de Janeiro, vive em Florença ha 17 anos. Apaixonada por arte, historia e bons vinhos. Guia de turismo e sommelier na Toscana.

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