No artigo hoje, vamos conhecer um pouco dos últimos meses da vida e a morte de Rafael Sanzio, um dos maiores pintores renascentista da Itália, conhecido como o Príncipe das Artes. Lembrando, que em 2020 celebramos os 500 anos da morte de Rafael. Diversas exposições estão sendo feitas na Itália, a mais importante é no Quirinale, em Roma.
No inverno (europeu) de 1520, o pintor Rafael Sanzio ocupa uma posição de absoluto protagonismo no cenário artístico romano. No cume da sua vida artística, Rafael assume diversos projetos, que de qualquer modo, o deixam muito cansado.
Ele é o arquiteto chefe da Basílica de São Pedro, o templo mais importante de toda a Cristandade; é ocupado com a decoração do apartamento pontifício, especialmente com a Sala de Constantino e está tentando finalizar o ambiciosíssimo e monumental retábulo da Transfiguração – encomendado pelo Cardeal Giulio de’Medici, futuro Papa Clemente XVII – em competição com Sebastiano del Piombo, o maior representante da pintura michelangiolesca da época.
Rafael se dedica ainda, de maneira muito apaixonada, a um importante estudo arquitetônico, confiado pelo Papa, ou seja, um grandioso projeto científico que deveria ser a base para a reconstrução dos edifícios da Roma antiga – um projeto que foi iniciado, mas que Rafael não conseguiu finalizar.
O duque de Ferrara, Alfonso d’Este, o chama insistentemente para que mantenha o compromisso de realizar algumas pinturas para o seu “camerini” (escritórios) de alabastro.
Alfonso já havia efetuado uma parte do pagamento antecipado, mas Rafael ainda não tinha iniciado os trabalhos. Rafael lhe responde, através de uma carta, justificando e prometendo, a fim de ganhar tempo, que “irá iniciar os trabalhos até o início do carnaval”, ou seja, final de fevereiro, mas ele não teve tempo de cumprir a sua promessa e os trabalhos não foram se quer iniciados.
Dividido entre muitos projetos, entusiasmado pela descobertas arqueológicas da úmida “gruta”, a Domus Aurea… Trabalhando dia e noite… No final de março, Rafael adoece. Segundo Vasari, foram 08 dias de febre intensa, para outros foram 14 dias.
Alguns historiadores acham difícil acreditar em uma infecção venérea, como diz Vasari, com uma certa pitada de fofoca; é mais provável que tenha sido uma infecção pulmonar veloz e mortal.
De fato, o estado de Rafael se agrava com grande velocidade, e em 06 de abril de 1520, às 21h, o Príncipe das Artes morre em seu leito no Palazzo Caprini. O palácio, construído por Bramente poucos anos antes foi comprado por Rafael em 1517 e destruído completamente em 1938 durante a construção da Via della Conciliazione, nas proximidades da Praça São Pedro.
Muitas são as simbologias da sua data de morte. Aquele 06 de abril, caia numa Sexta-Feira Santa, o dia da morte de Cristo e era também o dia o qual Rafael tinha nascido. O dia 06 de abril se transformou em uma grande testemunha da ligação entre nascimento e a morte.
Para os humanistas, para os seguidores de Petrarca, como era Rafael, 06 de abril também possuía uma sacralidade literária: era a data do encontro entre Petrarca e da sua musa Laura, além de ser também a data da morte da mesma, motivo de inspiração de várias composições do poeta aretino.
Tudo isso, com certeza, acelerou o processo de quase “santificação” de Rafael que iniciou logo após a morte do pintor e que foi consolidada no tempo. A morte de Rafael o transformou em modelo divino da expressão artística, o Príncipe das Artes que foi raptado do mundo no esplendor da sua vida – Rafael, nascido em Urbino em 1483, morreu com apenas 37 anos de idade.
No dia 07 de abril, Roma acordou em um clima de tristeza geral. Toda a cidade acompanhou Rafael até o Panteão, o monumento antigo mais amado e estudado pelo “Divin Pittore“, local escolhido por ele para ser o seu repouso eterno.
Rafael também deixou uma grande soma para o restauro e manutenção da sua sepultura. Esse gesto, ou seja, o desejo de ser recordado para sempre no Panteão, é a maior declaração que Rafael poderia fazer em nos dizer que pertence a cultura, a tradição, a beleza, a grandeza e harmonia do mundo clássico.
Na lápide da sua sepultura está escrito o seguinte: “Aqui jaz Rafael: quando ele vivia, a natureza temia ser derrotada, agora que ele está morto, ela tem medo de morrer” (tradução livre).
Em tempo: Em alguns artigos na internet, falam da misteriosa morte de Rafael por causa de um veneno. Segundo essa teoria, Rafael teria sido envenenado por um dos seus concorrentes, Sebastiano del Piombo. Não existe nenhuma prova que tal fato tenha realmente ocorrido.
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3 comentários
Weslley de Oliveira Paizinho · abril 21, 2020 às 10:06 am
Parabéns! Excelente matéria!
Cristiane de Oliveira · abril 22, 2020 às 3:29 pm
Muito obrigada!
Suellen Senatore · dezembro 14, 2022 às 3:33 am
Eu acredito piamente que Rafael fora envenenado, se ele com apenas 37 anos era tão genial assim imagina o tanto de inimigos que ele tinha? Fora que naquela época parece que o veneno era a forma mais tradicional de se matar sem deixar rastros, era uma forma muito usada de acabar com os desafetos. Se foi Del Piombo ou outro concorrente eu não sei, mas sempre que leio sobre ele algo me diz que foi envenenado.