Hoje vamos conhecer uma das torres mais bela da Itália: a Torre Campanaria de Giotto em Florença.

A riqueza das esculturas e dos baixos-relevos, o requinte das elegantes janelas (duplas e triplas) com colunas retorcidas, a típica tricromia gótica de mármores rosa, branco e verde que conferem um vivo contraste cromático fazem com que a Torre Sineira de Giotto seja uma das mais belas da Itália.

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O projeto de Giotto

A bela Torre Campanaria de Giotto, elegante e esguia, com 84,70 metros de altura, destaca-se de forma inconfundível no céu de Florença. A sua construção teve inicio em 1334, quando Giotto di Bondone foi chamado pela Opera del Duomo para ser o construtor mestre da Catedral Santa Maria del Duomo, que tinha sido iniciada pelo arquiteto Arnolfo di Cambio. Giotto concentrou-se na construção da Torre Campanaria que ficou pronta em menos de 30 anos.

Segundo o projeto inicial, a Torre Campanária deveria ser a mais alta da cidade: maior do que as casas torres, símbolo do poder das grandes famílias florentinas e maior do que a torre do Palazzo Vecchio, iniciada por Arnolfo de Cambio em 1299. A Torre Campanaria de Giotto deveria dominar com a sua altura a com o brilho dos seus mármores a vista de quem a via Florença de longe. Lembre-se que naquela época a cúpula da Catedral ainda não existia.

Caracterizada pela austeridade policromada de seus mármores, a Torre Campanaria foi idealizada por Giotto com uma base sólida quadrada com um grande rigor clássico. Ele foi o responsável pela construção da primeira faixa do campanário onde temos os painéis hexagonais.

Andrea Pisano

Os documentos revelam que entre os colaboradores de Giotto na realização dos painéis hexagonais tinha Andrea Pisano que em 1330-36 havia realizado a primeira porta de bronze do Batistério de San Giovanni, com representação da história de São João Batista, hoje no Museu da Opera del Duomo.

Após a morte de Giotto, a construção foi continuada por Andrea Pisano e finalizada em 1359 por Francesco Talenti. Andrea Pisano trabalhou neste projeto de 1337 até 1347 e realizou a segunda faixa do campanario seguindo o projeto inicial de Giotto. O período que Andrea Pisano trabalhou na torre sineira, foi muito difícil, principalmente por causa da peste negra.

Francesco Talenti

Francesco Talenti finalizou a Torre Campanaria de Giotto em 1359, modificando em parte o projeto inicial de Giotto. A Torre Campanaria foi o primeiro edifício da Piazza del Duomo a ser finalizado, o Batistério faltava ainda as portas de Ghiberti e a Catedral ainda estava no início das suas obras.

Decoração

Na fachada em frente ao Batistério são representados no registro inferior a criação do homem e da mulher, os primeiros trabalhos humanos: pastoreio, musica, metalurgia e viticultura). No registro superior os sete planetas que regem essas atividades.

Nas outras fachadas são ilustradas no registro inferior a astrologia, edilícia, medicina, tecelagem e outras atividades científicas e técnicas. No registro superior as sete virtudes que inspiram tais atividades. Na próxima fachada, as atividades liberais do trívio e do quadrívio, além dos sete sacramentos, que santificam as atividades humanas.

As esculturas nos nichos representam os patriarcas e profetas do antigo testamento e foram feitos pelos principais artistas da época, como Donatello. As que vemos hoje na Torre são réplicas, as originais se encontram no Museu da Opera del Duomo.

Curiosidades da Torre Campanaria de Giotto

Carlos V, rei da França, também chamado de “o Sábio”, impressionado com beleza da torre, disse que a teria protegido como se fosse uma relíquia de família, exclamando: “Ela merece ser coberta e raramente mostrada”.

Um outro episódio curioso aconteceu na fase inicial da construção da torre: um cidadão de Verona, se dando conta do valor que a obra estava assumindo, teve a ousadia de dizer que a República Florentina não podia se permitir ao luxo de continuar a financiar essa construção caríssima.

Este julgamento superficial ofendeu à Signoria o suficiente para infligir dois meses de prisão ao imprudente veronese!

Depois de cumprir a pena, o gonfaloneiro Gianni Ruggeri Calcagni, ordenou a sua libertação porém, antes que o homem retornasse para Verona, o levou para ver a opulência do tesouro público florentino. Assim o veronse teve certeza que os florentinos não só podiam se dar ao luxo de terminar a rica cobertura da torre sineira, mas também de adornar a cidade inteira. Se pecava de orgulho? Provavelmente não.


Cristiane de Oliveira

Brasileira do Rio de Janeiro, vive em Florença ha 17 anos. Apaixonada por arte, historia e bons vinhos. Guia de turismo e sommelier na Toscana.

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