Se você já teve a chance de visitar a Tribuna da Galleria degli Uffizi, sabe que este lugar é mais do que apenas um espaço expositivo; é uma verdadeira viagem no tempo. Construída entre 1581 e 1583 pelo arquiteto Bernardo Buontalenti, a Tribuna da Galleria degli Uffizi foi projetada para abrigar as “joias mais preciosas e outras delícias honradas e belas” do Grão-Duque Francesco I de Médici. Mas, ao contrário dos museus que conhecemos hoje, a ideia por trás da Tribuna ia muito além de meras obras de arte. Era um espaço que celebrava a curiosidade humana, reunindo objetos extraordinários e fascinantes do mundo natural. Imagine uma Wunderkammer, ou sala das maravilhas, onde cada canto guarda um segredo e cada objeto conta uma história.

Caso tenha interesse em explorar as obras-primas da Galleria degli Uffizi com um tour privativo em português, não hesite em nos contatar. Estamos à disposição para atender seu desejo!

Uma Arquitetura que Encanta

Ao se aproximar da Tribuna, você é recebido por sua forma octogonal, que se ergue majestosa sobre os telhados dos Uffizi. A arquitetura é uma verdadeira ode à antiguidade, evocando grandes edifícios clássicos, como a Torre dos Ventos de Atenas, e também estruturas cristãs, como batistérios e basílicas. Cada detalhe da Tribuna da Galleria degli Uffizi está repleto de simbolismo. A cúpula, que remete ao céu, é adornada por uma lanterna, coroada por uma bandeirola de ferro que dança ao sabor dos ventos. Essa lanterna não apenas ilumina, mas também funciona como um relógio solar, marcando os ciclos da natureza. É fascinante pensar que, mesmo séculos atrás, as pessoas buscavam entender os mistérios do cosmos!

Os Quatro Elementos em Harmonia

Tribuna da Galleria degli Uffizi

Francisco I imaginou a Tribuna da Galleria degli Uffizi como um espaço que representasse os quatro elementos da natureza, e isso se reflete em cada canto:

  • Terra: O piso, desenhado por Buontalenti, é como um grande mosaico, com uma bela raggiera de 8 raios que lembra uma flor. Feito de mármores coloridos (muitos deles retirados de edificios antigos), incluindo alabastro do norte da África e mármore verde da Turquia, ele é um convite à contemplação. Ao longo do pedestal, o naturalista Jacopo Ligozzi pintou plantas e animais, embora essas obras tenham se perdido com o tempo.
  • Água: Imagine 5.780 conchas de madrepérola, trazidas do distante Oceano Índico, incrustadas em um fundo tingido com carmim, feito de milhões de pequenos insetos. E sob tudo isso, 130 metros quadrados de folha de ouro reluzem, criando um espetáculo visual que hipnotiza.
  • Fogo: As paredes são revestidas com veludos vermelho-creme, adornados com franjas douradas, que conferem uma sensação de calor e acolhimento ao ambiente.
  • Ar: A lanterna aberta aos ventos e as oito janelas altas permitem que a luz natural entre, iluminando o espaço de forma mágica. É como se a Tribuna estivesse sempre viva, convidando os visitantes a explorar suas maravilhas.

O Coração das Coleções Medici

A Tribuna é, sem dúvida, o coração pulsante das coleções Medici na Galleria degli Uffizi. Ao longo dos séculos, passou por diversas reformas e adaptações, mas sua essência permanece intacta. Esculturas antigas no centro e pinturas de grandes dimensões nas paredes ainda encantam os visitantes, com a famosa Vênus como seu ponto focal, uma verdadeira joia que chegou da Villa Medici no Pincio no século XVII. Os Lutadores de Pancrácio são uma das impressionantes obras-primas da antiguidade exibidas na icônica Tribuna dos Uffizi.

Visitar a Tribuna é mais do que observar arte; é embarcar em uma jornada que conecta passado e presente, onde cada detalhe revela a riqueza cultural e a curiosidade de uma época que ainda nos fascina. Se você ainda não teve a oportunidade de conhecer, não perca! A Tribuna espera por você, pronta para compartilhar suas histórias e encantos.

A Tribuna da Galleria degli Uffizi no quadro de Johan Zoffany

Era 1772 quando o pintor Johan Zoffany pintou a Tribuna dos Uffizi. O artista havia sido enviado a Florença pela Rainha Carlota, esposa de Jorge III, rei da Inglaterra, que nunca estivera na Toscana, mas queria ter uma reprodução da sala mais importante dos Uffizi e da coleção de arte e antiguidades que lá estava exposta.

Zoffany não apenas aceitou o desafio de retratar a Tribuna; ele a transformou em um verdadeiro espetáculo visual. Em vez de se limitar à realidade, o artista criou uma cena repleta de obras de arte, tanto antigas quanto contemporâneas, seguindo uma tradição bastante popular no século XVIII. Suas pinturas de galerias de quadros transformavam os ambientes em verdadeiras Wunderkammern, ou câmaras das maravilhas, onde colecionadores e amantes da arte se perdem em um universo de beleza e curiosidade.

Embora a Tribuna dos Uffizi abrigue algumas obras de grande importância, ela não se compara ao vibrante mosaico de peças que Zoffany capturou em sua obra. Ali, as obras estão dispostas de maneira quase caótica, criando uma sensação de abundância e descoberta, como se cada canto escondesse uma nova surpresa à espera de ser revelada.


Cristiane de Oliveira

Brasileira do Rio de Janeiro, vive em Florença ha 17 anos. Apaixonada por arte, historia e bons vinhos. Guia de turismo e sommelier na Toscana.

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