Os Lutadores de Pancrácio – Escultura em mármore grego do Século I – Tribuna – Galeria dos Uffizi – Florença
Na Galleria degli Uffizi, em Florença, muitos visitantes se aglomeram diante da icônica “Vênus” de Botticelli para registrar selfies. Porém, o museu abriga outras peças igualmente fascinantes, que merecem a atenção dos admiradores de arte. Entre elas, destaca-se a escultura antiga “Os Lutadores de Pancrácio”, exibida na Tribuna.
Essa obra é uma escultura romana feita em mármore grego, datada do século I. Foi descoberta em Roma, nos Vinhedos Tommasini, ao longo da Rua Labicana, dentro das Muralhas Aurelianas, na segunda metade do século XVI. Na mesma escavação, também foi encontrado o grupo escultórico de Níobe e seus filhos, igualmente preservado na Galleria degli Uffizi.
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Quando “Os Lutadores de Pancrácio” foram desenterrados, as cabeças estavam ausentes. Hoje, ao observar a obra, percebe-se que ela retrata uma luta entre dois irmãos gêmeos. Isso porque uma das cabeças é uma réplica da outra. A cabeça mais antiga, de origem romana, pertencia originalmente a um dos filhos de Níobe e agora está no lutador posicionado acima. Já o lutador inferior recebeu uma cabeça esculpida no século XVI.
Especialistas acreditam que “Os Lutadores de Pancrácio” foram criados nos primeiros anos da Idade Imperial, sendo uma cópia de um modelo mais antigo, datado da primeira metade do século III a.C. Mas qual seria o tipo de combate tão intenso que inspirou uma obra como essa, representando dois homens em uma luta há mais de dois mil anos?
O Pancrácio
A escultura retrata dois lutadores praticando o pancrácio, uma antiga arte marcial e esporte de combate sem armas. Segundo a mitologia grega, essa prática foi criada pelos heróis Hércules e Teseu. O pancrácio era uma das modalidades dos Jogos Olímpicos desde o século VII a.C.
No século III d.C., Filóstrato descreveu essa técnica em grego:
“Aqueles que competem no pancrácio enfrentam o mais perigoso dos combates: devem atingir o rosto, expondo-se a danos graves. É necessário lutar corpo a corpo, onde só se vence simulando uma queda. É preciso grande habilidade para agarrar o adversário em diferentes pontos. A luta inclui o uso dos tornozelos e torções nos braços do oponente, sem cessar os ataques. Todas essas ações são permitidas, exceto morder e arrancar os olhos.”

Foto: Wikipedia.
Essa prática combinava elementos do boxe e da luta olímpica, incorporando uma ampla variedade de golpes e técnicas: socos, chutes, cotoveladas, joelhadas, cabeçadas, estrangulamentos, agarrões, quedas, arremessos, imobilizações, torções e travamentos das articulações. Praticamente tudo era permitido, exceto atacar os olhos, a região genital, arranhar ou morder.
Apesar da violência, os lutadores representados na escultura não eram inimigos, mas adversários. A vitória era declarada quando um dos competidores não conseguia continuar a luta, levantando um dedo para sinalizar sua desistência ao juiz.
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