Cosimo II nasceu em 1590 e foi o mais velho dos oitos filhos de Ferdinando I e Cristina de Lorena. Subiu no trono da Toscana, com o título de Grão-duque em 1609, quando havia 19 anos de idade.

De caráter amável, era muito amado pelo povo por causa da sua tolerância e antipatia pelas brigas e discussões. Cosimo se casou com Maria Madalena da Áustria, filha do arquiduque Carlos. O casal teve 08 filhos.

Cosimo II, com a esposa Maria Madalena e o filho Ferdinando II – Justus Susttermam

A vida na corte ocorria sem grandes aborrecimentos e Cosimo decidiu assim, mandar ampliar o palácio Pitti para acomodar a família, que era cada vez maior. Iniciou-se então a ampliação da parte da frente do Palazzo Pitti, tornando-o assim, cada vez mais imponente.

Cosimo mandou construir para a sua esposa Maria Madalena, a Villa de Poggio Imperiale (assim chamado para homenagear a sua descendência imperial). Para acessar a villa, Cosimo mandou construir uma avenida circundada de jardins e ciprestes.

Cosimo II foi o último Medici banqueiro. Foi ele quem decidiu fechar o Banco Medici, que ainda possuía várias filiais por toda a Europa. Essa decisão não enfraqueceu seriamente as finanças do Grão-ducado, tendo em vista a riqueza acumulada durante o reinado de Ferdinando I mas as suas consequências sentir-se-ão nos anos que hão de vir.

Na política interna, o reinado de Cosimo II não foi marcado por grandes inovações. Porém na área da cultura e da ciência, o Grão-duque fez a diferença. Ele foi o responsável por repatriar Galileu Galilei.

Novas salas dedicadas a Caravaggio no Uffizi
Retrato de Galileu – Justus Sustermans – Galleria degli Uffizi

Galileu nasceu em Pisa em 1564 e aos 23 anos de idade, era professor de matemática na Universidade daquela cidade. Esse início de carreira fulminante e os resultados das suas pesquisas, que contradizem a física aristotélica, desencadeou contra Galileu invejas e ciúmes. Assim, em 1592, Galileu foi obrigado a deixar a Toscana para ir ensinar em Padova, onde teve como estudante o jovem Cosimo II.

Cosimo demonstrou não ter esquecido o seu mestre e assim que subiu ao trono, convidou Galileu para retornar à Toscana. Foi criado um cargo “ad hoc” para Galileu: supervisor matemático do Grão-Duque com o salário de mil escudos por ano. Cosimo também presenteou Galileu com a Vila de Arcetri, onde ele viveu pelo resto da vida.

Com o aperfeiçoamento do telescópio, Galileu consegui observar a superfície lunar e a identificar os quatro satélites de Júpiter, batizados por ele em latim como “Medicea Sidera” (Planeta dos Medici), em homenagem a família grão-ducal. Talvez a proteção oferecida a Galileu, seja o ato mais iluminado de Cosimo II.

Cosimo II – Cristofano Allori 1608

Cosimo II morreu no dia 28 de Fevereiro de 1621. Em testamento, ele nomeou a mãe Cristina de Lorena e a esposa Maria Madalena regentes da Toscana, até que seu filho primogênito, Ferdinando II, atingisse a maior idade. A escolha incomum de associar o trono á mãe e à esposa, era destinada a ter profundas consequências negativas para Florença e para toda a Toscana.

O testamento impunha diversas limitações, para salvaguardar e manter intacto o patrimônio da família enquanto espera a maior idade de Ferdinando. Ao lado das duas senhoras foram colocados quatro ministros – escolhidos por Cosimo e todos florentinos que não fosse parentes dos Medici, tendo em vista que a mãe era francesa e a esposa austríaca.

Cosimo tinha medo de que as mulheres colocassem no poder alguém que fosse estrangeiro e um parente poderia planejar alguma conspiração para tirar o trono do seu filho. Quanto ao patrimônio da família, as duas mulheres só poderiam mexer em caso de calamidades naturais (em benefício da população), ou para pagar dotes das donzelas da família Medici. No seu testamento, encontramos em Cosimo II, uma boa dose de sabedoria, coisa que ele não demonstrou possuir em vida.


Cristiane de Oliveira

Brasileira do Rio de Janeiro, vive em Florença ha 17 anos. Apaixonada por arte, historia e bons vinhos. Guia de turismo e sommelier na Toscana.

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