A Semana da Arte continua na Sexta-Feira Santa, dia que relembramos a Paixão e a Morte de Cristo. Para ilustrar os últimos minutos da vida de Jesus, escolhemos uma escultura: o Crucifixo de Michelangelo da Basílica de Santo Spirito.
Se você deseja fazer uma visita temática em Florença para conhecer as obras de Michelangelo, fale com a gente! Será um grande prazer com você na vida e na arte deste grande Mestre do Renascimento Italiano.
Leia também: Breve Biografia de Michelangelo Buonarroti
Michelangelo em Santo Spirito
Poucos sabem que existe uma grande ligação entre a Basílica Santo Spirito em Florença e o Michelangelo Buonarroti. De fato ele era muito amigo do Prior de Santo Spirito, Niccolò di Lapo Bichiellini. Em 1492, após a morte de Lorenzo il Magnifico, Michelangelo deixa o Palazzo Medici, retorna a casa do pai Ludovico e depois começa a frequentar o convento da Basílica de Santo Spirito.
O que fazia Michelangelo no convento agostiano? Simples, ele foi iniciar, em segredo, os seus estudos de anatomia. O Prior de Santo Spirito autorizou que Michelangelo estudasse os cadáveres provenientes do hospital do convento.
É graças a essa experiência que Michelangelo se tornou insuperável no ato de representar o corpo humano em seus mínimos detalhes. Foi precisamente para retribuir a hospitalidade que Buonarroti realizou o crucifixo e o presenteou aos frades agostinianos de Santo Spirito.
Vasari, no seu livro “Vidas dos Artistas” nos conta que o crucifixo foi colocado no alto do altar-mor da basílica e ali ele permaneceu até durante a ocupação francesa do final do século XVIII. Com a supressão do convento, o crucifixo foi registrado como perdido. Mas, felizmente, não para sempre, porque, na verdade, o Cristo de Michelangelo nunca se afastou de Santo Spirito.
Margrit Lisner e o Crucifixo
Em 1962, a historiadora de arte alemã Margrit Lisner, em ocasião do recenseamento dos crucifixos toscanos, encontrou algumas novidades em um crucifixo de madeira que estava na parede do refeitório do convento de Santo Spirito. Assim, Lisner, solicitou que o crucifixo fosse restaurado.
A altíssima qualidade que emergiu debaixo da repintura, induziu a estudiosa alemã a identificar naquela escultura, o crucifixo do Mestre Renascentista. O gênio de Michelangelo havia sido ocultado por uma repintura do século XVIII. Lisner conta que, quando viu o crucifixo pela primeira vez na parede da entrada da cozinha do convento, compreendeu imediatamente que se tratava de uma grande obra. A posição solene, a postura e a torção do corpo levou seus pensamentos ao Divino Michelangelo Buonarroti.
Descrição do Crucifixo
Estilisticamente, o crucifixo é muito interessante: Cristo é representado em uma atitude de sofrimento, com a cabeça posicionada à esquerda e as pernas sobrepostas uma à outra, dando uma forte sinuosidade à composição.
Ao criar a obra dessa maneira, Michelangelo permite que o expectador admire o crucifixo não apenas de frente, a posição principal, mas também de lado; o forte realismo deste trabalho é dado pela excepcional representação dos cabelos macios, mas também dos pelos pubianos. O corpo de Cristo é fraco e frágil, simbolizando a ausência de defesas antes da morte. Como dizia Santo Agostinho: “Cristo é belo também na cruz, porque exprime a grande força da VIDA.”
Apesar da pouca idade, o jovem Cristo, quando visto frontalmente, a posição do corpo parece está condicionada aos pregos dos pés. Michelangelo esculpiu o Cristo nu, pois provavelmente em origem seria colocado um perizoma, quem sabe de tecido e que com o tempo foi perdido.
Os críticos acreditam que Michelangelo utilizou como modelo o cadáver de um jovem de 14 anos. Coisa que não é muito difícil de imaginar, já que ele tinha total acesso aos cadáveres do hospital do convento.
O crucifixo foi a primeira obra que Michelangelo fez para uma igreja e provavelmente a primeira obra de grande dimensão, pelo menos a que chegou até os dias de hoje, realizada pelo Mestre Renascentista.
Hoje o crucifixo é exposto na Sacristia da igreja de Santo Spirito em Florença. A sacristia de Santo Spirito é uma verdadeira obra-prima da arquitetura de Giuliano da Sangalo.
Informações úteis:
As visitas na Basílica de Santo Spirito são permitidas nos seguintes horários: de segunda a sábado (quarta-feira fechada) das 10h00 às 13h00 e das 15h00 às 18h00; Domingo e feriados religiosos das 11h30 às 13h30 e das 15h00 às 18h00.
O ingresso da Basílica é gratuito mas para visitar a Sacristia com o Cristo de Michelangelo é previsto uma contribuição de € 2.
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2 comentários
Cleide · abril 10, 2020 às 11:49 am
Em morar em Toscana. Apaixonei.
Cristiane de Oliveira · abril 11, 2020 às 4:29 pm
Obrigada pela participação. Um grande abraço da Toscana!