Quando você pensa em um museu a céu aberto em Florença, imediatamente vem à mente a Loggia dei Lanzi, aquele lugar nascido no distante século XIV para receber os magistrados da República Florentina durante as assembleias populares e, que se tornou, apenas dois séculos depois, a mando de Cosimo I dei Medici, um dos mais prestigiados “recintos de exposições”.

Piazza della Signoria: Palazzo Vecchio e Loggia dei Lanzi

Simone Talenti, um importante expoente da cultura artística florentina do final do século XIV, foi chamado para construir a bela Loggia. No entanto, o uso de arcos redondos fez dela, desde o início, um dos primeiros exemplos na cidade da arquitetura renascentista e, segundo a lenda, o próprio Brunelleschi parece ter se inspirado para a realização do que é comumente considerado o primeiro edifício totalmente renascentista, o Spedale degli Innocenti.

Também conhecida como Loggia dell’Orcagna, devido a uma atribuição errônea de seu criador, ou Loggia dei Lanzi, por ter hospedado no início do século XVI o notório corpo mercenário dos Lansquenetes (em italiano Lanzichenecchi), a estrutura demonstra grande elegância e essencialidade. Ainda hoje é possível ver algumas marcas das armas deixadas pelos Lansquenetes na Loggia dei Lanzi.

O terraço acima da Loggia, agora parte da Uffizi, foi criado por Bernardo Buontalenti para permitir que os Medici e seus convidados assistissem as cerimônias que eram realizadas na praça.

Em 1382 Jacopo di Piero Guidi realizou as pequenas cabeças de leões que serviam para pendurar decorações (provavelmente robianas) em dias especiais. Mais no alto é possível ver alguns ganchos que serviam para pendurar as tapeçarias.

As esculturas conservadas dentro da Loggia dei Lanzi são datadas de diversas épocas e TODAS são originais, com exceção do pedestal do Perseu – o original é conservado no Museu do Bargello.

A primeira escultura a ser colocada na Loggia dei Lanzi foi a Judite de Donattelo finalizada em 1464. A obra foi “roubada” do Palazzo Medici após a expulsão da potente família e colocada como símbolo republicano dentro da Loggia, no lugar onde hoje vemos o Rapto das Sabinas. Hoje a obra é conservada no Palazzo Vecchio.

Lorenzo o Magnífico mandou construir em 1491 uma espécie de passarela elevada chamada de “Rialto” que ligava a porta de entrada do Palazzo Vecchio a Loggia dei Lanzi. Com a construção do Rialto não era possível passar nem cavalos e nem outro animal, além de incomodar a passagem das pessoas, que deveriam subir e descer as escadas. O Rialto foi destruido poucos anos depois, em 1495, após a expulsão dos Medici.

A Loggia dei Lanzi é famosa no mundo inteiro, mas poucos conhecem o seu subsolo, descoberto ocasionalmente em 1506, repleto de terra. Quatro anos depois, a terra foi removida e o local foi utilizado como depósito de armas. Sucessivamente, em 1716, o subsolo foi transformado em “orciaia”, ou seja, local de conservação de azeite, utilizado também para a iluminação pública.

Durante a segunda guerra mundial, o vasto subterrâneo da Loggia serviu de abrigo para obras de artes, como o Perseu de Benvenuto Cellini e a Judite e Holofernes de Donatello. Hoje o local abriga diversos objetos provenientes das escavações feitas na Piazza della Signoria entre 1982 e 1989.

O Rapto das Sabinas, Giambologna

A Loggia dei Lanzi conserva importantes obras-primas como, o Perseu de Cellini, O Rapto de Polissena de Pio Fede, o Rapto das Sabinas e Hércules e o Centauro, ambas de Giambologna, além de esculturas de época romana – mas esse é um tema para um outro post. Aguardem!

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Cristiane de Oliveira

Brasileira do Rio de Janeiro, vive em Florença ha 17 anos. Apaixonada por arte, historia e bons vinhos. Guia de turismo e sommelier na Toscana.

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