No artigo de hoje vamos contar uma das histórias de amor mais feliz da história dos Medicis: Cosimo e Eleonora de Toledo. Ele, um jovem duque, ela, a bela filha de Dom Pedro de Toledo, o vice-rei de Nápoles.
Há 481 anos atrás, em 29 de março de 1539, foi assinado em Nápoles o contrato que sancionava o casamento entre Cosimo I de ‘Medici, duque de Florença e Eleonora Alvarez de Toledo e Osório.
Para consolidar o seu poder em Florença, Cosimo I teve a necessidade de reforçar a sua aliança com o Imperador Carlos V (Carlos I da Espanha). Assim, Cosimo I, pediu a mão da filha do Imperador e viúva de Alessandro de’Medici, Margherita da Áustria. Porém, Carlos V, tinha outros planos para a sua filha: esposá-la com Ottavio Farnese, sobrinha do Papa.
Nesse meio tempo, o Papa ofereceu a Cosimo a mão de Vittoria Farnese. Tal proposta foi recusada por Cosimo, que deseja uma aliança matrimonial com uma família espanhola. No final Vittoria se casou com Guidobaldo II dell Rovere, duque de Urbino.
Dessa forma, Cosimo aceitou esposar uma das quatro filhas de Dom Pedro de Toledo, braço direito do imperador e vice-rei de Nápoles. Parece que as cortes, napolitana e florentina, entre as filhas do vice-rei, teriam preferência por Isabella, mesmo com os rumores, de maneira muito desagradável, de que ela era feia e com pouca inteligência. Na realidade, Cosimo, sem se deixar condicionar, escolheu imediatamente a outra filha de Dom Pedro, Eleonora, que conhecera em 1535 quando acompanhou seu primo Alessandro em uma missão diplomática em Nápoles.
Cosimo ficou tão fascinado com a graça e a beleza de Eleonora, que enviou para Nápoles toda a diplomacia possível para convencer Dom Pedro a concordar com o casamento. Para a delicada missão diplomática, e com certeza a mais decisiva de sua vida privada e também muito importante para o destino do Estado, Cosimo enviou uma delegação composta por seu primo Jacopo de ‘Medici, Luigi Ridolfi e o notário Bernardo Gamberelli. Após as discussões habituais, uma obrigação para a sociedade da época, foi alcançado um acordo com o vice-rei e, uma vez assinado o contrato, o casamento foi celebrado por procuração e o anel foi entregue à noiva.
A jovem Eleonora recebeu um dote de 50.000 scudi, o que na época representava um valor muito considerável. Cosimo, que não possuía alianças políticas importantes e recursos econômicos escassos, se beneficiou muito do casamento, encontrando-se repentinamente à disposição de um patrimônio substancial, além de uma posição política fortalecida, pois podia ter o parentesco do poderoso vice-rei de Nápoles e também contar com o apoio de Carlos V no ducado florentino.
Como muitas vezes acontece, o resto foi feito pelo destino. Quando os dois jovens se conheceram, nasceu um amor que os unirá por toda a vida. Cosimo foi literalmente enfeitiçado pelo charme de Eleonora; ele ficou de boca aberta, poderíamos dizer hoje, pela graça e elegância dessa jovem mulher que possuía uma beleza deslumbrante, com traços doces e majestosos e um olhar orgulhoso, como convém à filha de um vice-rei. Eleonora de Toledo foi a noiva mais encantadora da época e a mais bonita que entrou na casa dos Medici.
O retrato de uma mulher de grande beleza também emerge da iconografia, com traços faciais delicados, cílios finos. Os olhos que encantaram Cosimo, eram grandes e escuros. Todas essas qualidades fizeram o duque se apaixonar. Amor que provavelmente não terminou nem com a morte de Eleonora.
Enquanto a duquesa viveu, não tivemos notícias das escapadas de Cosimo; escapadas que dificilmente teriam passado despercebidas em uma cidade fofoqueira como era Florença da época e onde o duque estava constantemente no centro das atenções. Eleonora também pareceu ser tão apaixonada e ligada ao marido, que seu sentimento tocou a morbidade.
Quando Cosimo se ausentava de Florença, diz-se que Eleonora aguardava ansiosamente as suas cartas… E pasmem, parece que ela exigia pelo menos duas por dia. Eleonora também mostrou que tinha o caráter certo para estar ao lado de um homem introvertido como Cosimo, cuja mudança de humor somente ela poderia apaziguar. Eleonora era a única pessoa que tinha influências sobre o marido, e a única de quem o duque aceitava conselhos e a quem dava a última palavra antes de tomar qualquer decisão.
O casamento em Nápoles foi feito por procuração, o religioso em Florença. A jovem, que deixou Nápoles em 11 de junho de 1539, foi acompanhada por seu irmão Garcia e um grande número de seguidores da corte espanhola. Após o desembarque em Livorno em 22 de junho. Eleonora foi recebida pelo arcebispo de Pisa. Em seguida ela foi para Pisa, onde no dia seguinte, finalmente, ocorreu o encontro com Cosimo.
De Pisa, os cônjuges transferiram-se para a vila de Poggio a Caiano, a residência habitual de verão dos Médici, e depois de alguns dias ocorreu a entrada triunfal em Florença. Na Porta al Prato, Eleonora e Cosimo cruzaram um grandioso arco triunfal erguido pelo arquiteto Niccolò Pericoli chamado il Tribolo. O povo florentino deu as boas-vindas ao casal de uma maneira muito festiva e com “… muita alegria …”, como Giorgio Vasari escreverá.
No domingo, 29 de junho de 1539, Eleonora Alvarez de Toledo se casou com Cosimo de ‘Medici com uma cerimônia solene que ocorreu na basílica de San Lorenzo, a igreja favorita da família Medici e uma das mais antigas da capital da Toscana. Para celebrar o casal com dignidade, a residência dos Medicis e as praças da cidade foram decoradas pelos melhores artistas da época. As celebrações, que também incluíam banquetes, música e apresentações teatrais, continuaram por alguns dias, finalizando em 09 de julho, com uma distribuição de esmolas para os pobres.
O casal foi morar, por um curto período, no Palazzo Medici (que hoje leva o nome de Medici-Riccardi) na Via Larga, atual Via Cavour. Depois Cosimo e Eleonora se mudaram para o Palazzo Vecchio, que para a ocasião foi reformado e ampliado. Entre as obras inclui a construção de uma capela, encomendada por Eleonora e afrescada por Bronzino.
O matrimônio com Eleonora foi muito feliz e o casal teve doze filhos, que garantiram a sucessão ao trono e as diversas alianças políticas.
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