Políticos, senhores, mecenas, generais, papas e rainhas… No artigo de hoje, vamos conher os principais membros da família Medici. Abordaremos algumas coisas, fatos e curiosidades que talvez nem todos conhecem sobre alguns representantes de uma das famílias mais importantes da Europa dos ‘400 e’ 500 que fizeram o esplêndido Renascimento Florentino.
A dinastia que fez de Florença e da Itália o grande berço do Renascimento: os Medici. Aqui está um resumo da família da qual descendem os grão-duques, generais, papas e rainhas da França, que eram conhecidos por numerosos fatos históricos, políticos e artísticos. O artigo será divididos em duas partes: o primeiro conheceremos o ramos principal da família Medici, os descendentes do filho primogênito de Giovanni di Bicci, Cosimo o Velho. No segundo artigo, que será publicado em breve, conheceremos os personagens descendentes de Lorenzo, irmão de Cosimo o Velho e segundo filho de Giovanni di Bicci.
No decorrer dos séculos XII e XIII, Florença se transforma em uma grande potência financeira. A renovação urbana e o boom econômico atraem a cidade muitas pessoas que residiam na província, nobres e plebeus. Dentre aqueles que tentam a sorte na cidade estão os Medici, uma família, plebéia originária do Mugello, uma região localizada a 40km de Florença.
Giovanni di Bicci de’ Medici (João de Bicci)
Vamos começar com Giovanni di Bicci de ‘Medici (1360-1429), o principal expoente do ramo central da família. Giovanni di Bicci, filho de Averardo dito Bicci e bisneto de um outro Averardo que no século XIV exerceu um alto cargo no governo florentino, o de gonfanoleiro.
Foi ele quem fundou o banco Medici e deixou para seus filhos Cosimo, o Velho (1389-1464) e Lorenzo, o Velho (1394-1440) um verdadeiro império financeiro. Giovanni foi um grande homem de negócios e seu banco tinha filiais em diversas partes da Europa: França, Inglaterra, Alemanha e Países Baixos. Mecenas e amigos de poderosos, hospeda em Florença o antipapista João XXIII, quando este cai em desgraça. Em 1419 financia em Florença a construção do Hospital dos Inocentes (Spedale degli Innocenti).
Homem generoso, Giovanni di Bicci, ajuda os florentinos quando em 1417, se abate sobre Florença uma grande epidemia de peste no qual morrem cerca de 16.000 pessoas. Morre em 1428, com 68 anos de idade e o crédito deixado pela sua figura de homem generoso e inovador, será uma base sólida para o futuro da família Medici.
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Cosimo Il Vecchio ( Cosme o Velho)
Cosimo il Vecchio (1389-1464), também conhecido como Cosimo Pater Patriae, manteve e fortaleceu a sorte da família. Se tornou o homem mais rico de seu tempo e foram reunidos em torno dele os gênios da época: o arquiteto Michelozzo, os escultores Lorenzo Ghiberti e Donatello, os pintores Andrea del Castagno, Beato Angelico e Benozzo Gozzoli. Durante a ditadura efetiva da família Albizzi, Cosimo é exilado em 1433. Durante o exílio, que durou um ano, vai para Pádua e Veneza. Em 1434, Cosimo retorna de forma triunfal em Florença.
A cidade, como recorda Maquiavel, recebe-o com todas as honrarias:
“Raramente ocorreu que um cidadão, voltando triunfalmente de uma vitória, fosse recebido na sua pátria com tanta afluência de gente, e com tal demonstração de boa vontade.”
Cosimo consegue transferir a sede do Concílio convocado pelo Papa Eugênio IV de Ferrara para Florença. Tal Concílio foi uma tentativa de unificar os católicos do Ocidente e os Ortodoxos do Oriente. O Concílio de Florença, marcará para sempre a história da cidade.
Cosimo é o grande mecenas que encomendou o primeiro palácio residencial renascentista: o Palazzo Medici. Grande é o interesse de Cosimo pela cultura, assim em 1444, funda no Convento de São Marcos em Florença, a primeira biblioteca pública da Europa, cerca de 30 anos antes da Biblioteca do Vaticano.
Na Villa di Careggi, Cosimo funda a Academia Neoplatonica Florentina. Trata-se de uma verdadeira corte, onde se reunem grandes humanistas, filósofos e artistas.
No dia 01 de agosto de 1464, O Pai da Pátria de Florença se despede da vida na amada Villa di Careggi, onde trinta anos mais tarde morrerá o seu neto, Lorenzo o Magnifico.
Saiba mais no artigo Família Medici: Cosimo o Velho
Piero Il Gotoso (Pedro de Cosme de Medici)
Piero di Cosimo de’ Medici (1416 – 1469), conhecido como Piero il Gotoso, atormentado pela gota (doença hereditária dos Medici), após a morte de Cosimo Il Vecchio governou Florença por cinco anos (1464-1469). Ele foi o patrono da Academia Platônica e trabalhou com grandes artistas como Donatello, Andrea del Verrocchio e Sandro Botticelli. Foi pai de Giuliano (1453-1478), que foi assassinado na Conspiração dos Pazzi, e Lorenzo (1449-1492), que se tornou Il Magnifico.
Saiba mais no artigo: Família Medici: Piero, o Gotoso
Lorenzo, Il Magnífico
Lorenzo, o Magnífico (1449 – 1492) merece um lugar de honra na história de Florença e da Itália. Herdando de seus antepassados um profundo respeito pelas artes e letras, ele foi um grande mecenas, protetor da arte, estadista habilidoso e poeta. Com Lorenzo, os Medici obtém a consagração definitiva como a família mais importante de Florença, detentora de um poder político que supera o poder legítimo das instituições republicanas. No decorrer dos 23 anos (1469-1492) em que ele rege o destino da família, criam-se os pressupostos para o nascimento do futuro estado regional.
Em 1478, conseguiu sobreviver a chamada Conspiração dos Pazzi. Seu irmão Giuliano não teve a mesma sorte e acabou morrendo a facadas dentro da Catedral Santa Maria del Fiore. Lorenzo não teve paz, até conseguir punir todos os responsáveis pela conspiração.
Com Lorenzo, Florença se torna a capital mundial da arte e da cultura. Graças ao círculo de intelectuais e humanistas da corte de Lorenzo, o humanismo e a Renascença se espalham por toda a Europa. Ainda que os Medici se dedicam as finanças e ao comércio, a educação refinada que Lorenzo recebeu, lhe aproxima mais a uma figura de um principe do que a um membro da alta burguesia florentina. Por causa das suas habilidades politícas ficou conhecido como a agulha da balança.
O seu casamento com Clarisse Orsini em 1469, foi o mais badalado da época. Os preparativos para a festa duraram muitos dias, e os noivos receberam muitos presentes provenientes de muitas cidades da Toscana.
Sofria de gota como o pai (Piero, o Gotoso). Morreu em 8 de abril de 1492 (alguns meses antes da descoberta da América) ao lado do segundo filho Piero (ele tinha oito filhos) e e dos amigos Pico della Mirandola e Angelo Poliziano. Dois anos antes, ele tinha escrito a Canção de Baco, que começava assim: “Como a juventude bonita que foge no entanto! Quem quer ser feliz é: do amanhã não há certeza “.
«Quant’è bella giovinezza che si fugge tuttavia! Chi vuol essere lieto sia: di doman non c’è certezza». (Como é bela a juventude que no entanto foge! Quem quer ser feliz que seja: do amanhã não há certeza.)
Saiba mais no artigo: Família Medici: Lorenzo, o Magnífico
Giovanni de’ Medici, Papa Leão X
Companheiro de adolescência de Michelangelo, Leão X promoveu a carreira do grande Mestre em Roma, mas também pediu a ele que fosse a Florença para lhe confiar a monumental “glorificação” da família: a Sacristia Nova localizada no complexo da Basílica de San Lorenzo. Durante o seu Papado, através do esplendor da arte, Roma testemunhou magnificência e poder, razão pela qual o século XVI é chamado de “Século de Leão X”.
Leão foi certamente um bom gourmet e a pintura de Rafel comprova isso. Durante o seu papado foram recordados infindáveis e celebrados banquetes. Outra grande paixão do Papa Leão X era a caça, que o absorvia por dias a fios. Por outro lado, foi um grande mecenas, a “estilo de Lorenzo, o Magnífico”, seu pai, tinha ao seu redor uma grande corte de artistas e humanistas. Tinha um amor inestimável pela cultura e durante o seu papado foi fundada em Roma a primeira tipografia equipada com carateres gregos.
Leão X também é relembrado pela bula das indulgências com o título Sacrosancti Salvatoris et Redemptoris nostri, promulgada no dia 31 de março de 1515. Leão herdou do seu antecessor, o Papa Julio II, a missão de terminar a construção da atual Basílica de São Pietro (Vaticano). Leão teve que organizar os cofres da igreja, que provavelmente estavam vazios por sustentar todo o luxo em que vivia o Papa.
Através da bula papal, começou a vender indulgências, comercializando um direito que, segundo o postulado católico a Igreja recebeu de Cristo. Daí a polêmica de alguns fiéis do norte europeu. O maior representande dessa oposição foi um certo frade alemão chamado Martinho Lutero. O Papa Leão X excomungou Lutero no dia 3 de janeiro de 1521, com a bula “Decet Romanum Pontificem“.
É o início de um movimento de reforma que será uma das maiores convulsões da história européia, mas Leão só terá tempo de assistir os primeiros passos, pois morre de pneumonia no primeiro dia de dezembro de 1521.
Giulio de’ Medici, eleito Papa Clemente VII
Giulio dei Medici nasceu em Florença em 26 de maio de 1479, logo após o assassinato de seu pai, Giuliano de’Medici e foi criado por seu tio Lorenzo, o Magnífico. Em 1513, Leão X o nomeou arcebispo de Florença e cardeal: Giulio foi praticamente responsável por grande parte da política de Leão.
Foi eleito papa em 1523 com o nome de Clemente VII. O seu papado foi muito difícil, principalmente por causa da eterna guerra entre Carlos V e Francisco I da França, pela hegemonia do território italiano.
Mas as relações do papa com Carlos V e Francisco I não eram claras nem inequívocas: ora ele se aliava a um, ora ao outro. Talvez seu objetivo principal não consistisse em alianças políticas, mas simplesmente na defesa do território e dos interesses do Estado Papal e da Igreja.
Durante o seu papado aconteceu um dos episódios mais triste da história da Cidade Eterna: o Saque de Roma de 1527.
E para piorar, a família Medici foi expulsa pela terceira vez de Florença. E a situação piorou! Foi no seu pontificado que a Inglaterra de Herique VIII rompeu com Roma.
Clemente organizou o casamento de Catarina de’Medici com o filho de Francisco I, além do matrimônio do sobrinho Alessandro de’Medici (alguns críticos acreditam que era seu filho) com Margarida, a filha de Carlos V.
Como um verdadeiro Medici e, portanto, um verdadeiro mecenas, Clemente protegeu escritores, incluindo Nicolau Maquiavel, e artistas como Cellini, Rafael e Michelangelo, de quem encomendou o Juízo Final da Capela Sistina, pouco antes de sua morte.
Lorenzo di Piero de Medici, Duque de Urbino
Lorenzo di Piero de Medici, Duque de Urbino (1492 – 1519). Do Magnífico, seu avô, Lorenzo herdou somente o nome. É um tipo sombrio e agressivo e sua sede de poder não corresponde a nenhuma qualidade política.
Para ele, e não como erroneamente acreditado em Lourenço, o Magnífico, Nicolau Maquiavel dedicou O Principe. De seu casamento com Madeleine de la Tour d’Auvergne, nasceu Catarina de Medici, futura rainha da França.
Catarina de’ Medici, Rainha da França
Caterina de ‘Medici (1519-1589) passa sua infância entre Roma e Florença, segregada em um convento pelo tio Giulio, futuro Papa Clemente VII. Nestes anos de reclusão, não lhe faltou uma boa educação. De fato, Catarina adquire precocemente um notável cultura.
Em 1533, quando Catarina tinha apenas 14 anos de idade, o Papa Clemente VII arranja o seu matrimônio com Henrique de Orleans, segundo filho do rei da França. O matrimônio foi celebrado pessoalmente pelo Papa Clemente VII na catedral de Marselha.
Desde da sua chegada à corte francesa, Catarina encontra um clima de desconfiança e até de hostilidade declarada. O povo vê em Catarina uma emissária do Papa e a nobreza não tolera uma burguesa na corte. Mesmo assim, a jovem Catarina brilha, especialmente pelas suas qualidades.
Catarina faz grandes inovações na corte francesa e leva de Florença uma bagagem cultural considerável. Apaixonada por cavalos, revoluciona a equitação feminina. Graças ao seu amor pela cozinha, Catarina leva para Paris um verdadeiro exército de cozinheiros florentinos, que inventaram receitas que ainda hoje fazem parte da gastronomia francesa. Catarina também introduz na França o uso do garfo. Na perfurmaria francesa deixa um legado importante: os perfumistas floretinos de Santa Maria Novella foram levados para França e trabalharam sob sua supervisão direta.
Em 1536, o primogênito de Francesco I, rei da França, morre deixando o trono como herança a Henrique. Assim algumas pessoas da corte começaram a sussurar que “Madame Serpente” – era assim que Catarina era chamada na corte – envenenou o cunhado para assegurar o trono ao marido. Em 1547, morre o rei Francisco I, e assim, o marido de Catarina torna-se rei com o nome de Henrique II.
Catarina tornou-se regente da França após a morte de seu marido. Na verdade, Catarina foi regente por duas vezes, enquanto seus filhos eram menores de idade.
Catarina foi uma das figuras mais influentes entre as Guerras de Religião entre católicos e huguenotes, tendo sido acusada de ter desempenhado um papel no massacre da noite de São Bartolomeu.
Foi a mãe de três reis da França Francisco II, Carlos IX e Henrique III, além da Rainha Elizabeth (Rainha da Espanha) e Margarete (Rainha de Navarra).
Em 05 de janeiro de 1589 morre Catarina e com ela se extingue o ramo principal da família Medici.
Fique com a gente pois em breve iremos publicar a segunda parte do artigo sobre o ramo secundário da família Medici.
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8 comentários
Rita Reis · novembro 2, 2019 às 2:15 am
Muito interessante.
Cristiane de Oliveira · novembro 4, 2019 às 9:31 pm
Obrigada pela sua partição. Um abraço de Florença!
Louise de Castro · dezembro 3, 2019 às 10:34 am
Nos últimos meses, me encantei pela história dessa família. Parabéns pelo artigo! Muito bem detalhado.
Cristiane de Oliveira · dezembro 5, 2019 às 7:47 pm
Obrigada pela sua participação. Estamos sempre publicando artigos sobre os Medicis na nossa página Facebook!
Hiran Alves · fevereiro 16, 2020 às 8:14 pm
Posto que, seja um aritgo muito Interessante. Poderia citar as suas fontes, bibliografias; querida ? Obrigado. Ps; Simonetta era amante do Giuliano ou do Lorenzo/Lourenzo ? srsrs
Cristiane de Oliveira · fevereiro 17, 2020 às 1:17 am
Olá Hiran!
Segundo a tradição, Simonetta foi amante de Guiliano, mas não existe nenhum documento histórico que comprove essa informação. Usei várias fontes bibliográfcas, entre elas I Medici Storia di una dinastia Europea (Franco Cesati – Ed. Mandragora), I Medici, una famiglia al Potere (Marcello Vanucci), I Medici (G.F. Young).
Um grande abraço
Carlos De Oliveira · maio 18, 2023 às 3:31 am
Parabéns pelo artigo bem detalhado da história do Velho Continente e pela bela explanação sobre as relações supracitadas entre as dinastias francesa e italiana!
Cristiane de Oliveira · maio 27, 2023 às 3:53 pm
Muitissimo obrigada!