No dia 04 de junho de 1469, foi celebrado em Florença o casamento de Lorenzo o Magnífico com Clarice Orsini, uma jovem da aristocracia romana. A noiva foi escolhida a dedos por Lucrezia Tornabuoni, mãe de Lorenzo
Lorenzo, O Magnífico
Lorenzo, filho de Piero, o Gotoso ficou a frente da sua família por 23 anos e criou os pressupostos para o nascimento do futuro estado regional.
Sob a sua liderança, Florença se tornou a capital universal da cultura. A sua corte era formada principalmente por intelectuais, humanistas e os maiores artistas do Renascimento. Lorenzo herdou do avô e dos seus pais, Pietro e Lucrezia o amor pela literatura e filosofia. Sua educação refinada é mais próxima de um príncipe e não da alta burguesia. Conhecido como a agulha da balança, Lorenzo é muito racional, prudente e arguto e se tornou um mediador incansável quando o assunto era a política.
Mas Lorenzo não é perfeito, pois tem um grande defeito: não possui aptidão para os negócios. Lorenzo é um intelectual e político e confia a administração dos negócios à terceiros. É o primeiro Medici que não poupa, mas gasta… e muito! Nas suas mãos, a enorme riqueza deixada pelo seu bisavô Giovanni e avô Cosimo o Velho, começa a diminuir. Os seus sucessores, seguirão os mesmos passos, sem ter qualquer compromisso com a administração financeira da família.
A escolha da noiva
Em 1466, Piero de ‘Medici apresentou Lorenzo como seu sucessor legítimo no comando da família, fazendo-o sentar-se com a idade de dezessete anos em seu lugar na Balìa e no Conselho dos Cem. Com o objetivo de fortalecer ainda mais a posição da família Médici, Piero e sua esposa Lucrezia Tornabuoni tomaram medidas para combinar o casamento de seu filho com a nobre romana Clarice Orsini.
A moça foi examinada diretamente por Lucrezia durante sua estada em Roma em 1468, durante a qual ela enviou um relato positivo e muito detalhado do encontro a Piero. O projeto do casamento foi, então, endossado por ambas as famílias e se concretizou com o rito religioso celebrado em Florença em 4 de junho de 1468, seguido de festas suntuosas patrocinadas pelo próprio Piero.
Lorenzo não participou da escolha da noiva e muito menos dos valores referente ao dote pago pela família Orsini. Durante os acordos da organização do matrimônio, Lorenzo permaneceu inerte.
Inicialmente o matrimônio foi realizado em dezembro de 1469 em Roma e o noivo mandou o arcebispo de Pisa para representá-lo. Ele não tinha curiosidade nem de conhecer a noiva. A um certo ponto a mãe da noiva, Maddalena Orsini, impaciente, escreve a Lorenzo, dizendo que ele tem que pelos menos para “conhecer a mercadoria”. Não tem jeito…
Uma desculpa aqui, outra alí, mas Lorenzo não vai a Roma. É verdade que Piero não está bem de saúde, e que a presença de Lorenzo é necessária em Florença. Mas uma escapadinha por alguns dias, era realmente impossível?
Os dois cônjuges eram muito diferentes: Lorenzo é um jovem caçador de prazer, imerso na cultura neoplatônica e amante da vida, além disso, devemos acrescentar o fato de que ele manteve uma relação clandestina com Lucrezia Donati, esposa do comerciante Niccolò Ardinghelli; Clarice, por outro lado, teve uma educação rígida e austera, profundamente religiosa e pouco educada em literatura e cultura humanística. Apesar das várias diferenças, ambos cumpriram seus deveres conjugais; na verdade, dez filhos nascerão desta união.
O casamento de Lorenzo, o Magnífico foi celebrado com uma fabulosa festa, digna dos contos de fadas. Os preparativos para a festa duraram muitos dias, e os noivos receberam muitos presentes provenientes de muitas cidades da Toscana.
A chegada de Clarice em Florença
Giuliano, irmão de Lorenzo, foi buscá-la em Roma. Clarice chegou em Florença como uma princesa de um conto de fábulas. Ela chegou à cavalo juntamente com o cortejo formado por cavaleiros e músicos. A janela do quarto de Lorenzo foi decorada com ramos de oliveira, símbolo de alegria e paz.
O matrimônio em Florença
Os cronistas da época, especialmente Piero di Marco Parenti que foi um dos convidados, escreveu detalhadamente o evento ao seu tio materno Filippo Strozzi, que era em exílio na cidade de Nápoles. Esses escritos ajudou a reconstruir parte desta grande festa, que ainda hoje é lembrada pelos florentinos e que faz parte de qualquer tour gastronômico em Florença.
Entre sexta-feira e sábado chegaram no Palazzo Medici da via Larga, hoje via Cavour, quatro mil aves (galinhas e patos), além de peixes, aves selvagens e numerosos barris de vinhos “nostrali e forestieri”, que Lorenzo distribuiu ao povo antes do início do banquete oficial.
A festa iniciou no domingo e durou até terça-feira. Os Medici sempre fizeram grandes festas, mas esse grande evento para comemorar o casamento de Lorenzo, o Magnífico e Clarice Orsini, foi uma exigência da família da noiva.
Os banquetes do Casamento de Lorenzo o Magnífico
Os cincos banquetes foram realizdos nos pórticos e no pátio do Palazzo Medici, residência do noivo. As mesas foram preparadas de acordo com a tradição da época: as mesas das damas e dos cavalheiros são rigorosamente separadas.
Nos pórticos foi colocada a mesa da noiva Clarice acompanhada por cinquenta jovens nobres. As mesas damas mais velhas foram colocadas no interior do Palazzo. Nesta mesa estava a mãe do noivo, Lucrezia Tornabuoni. Na parte oposta da noiva, foi colocada a mesa de Lorenzo, que era acompanhado pelo seu irmão Giuliano e jovens nobres. Ao lado da mesa do noivo, os homens mais idosos da cidade.
Para as pessoas do povo poderem participar deste grande evento, foram reservadas algumas mesas dentro do palácio e na rua (Via Larga), onde cerca de 500 pessoas se deliciaram com o banquete. Os pratos eram anunciados pelo som das trombetas.
A decoração das mesas eram mais do que luxuosa. Cobertas por toalhas, cada mesa possuía no centro um grande recipiente de prata, repleto de água para refrescar os copos e as bebidas. Parenti nos contas que sobre as mesas tinham ricas saleiras, garfos, facas…Tudo de prata!
Na segunda-feira pela manhã, Lorenzo mandou distribuir mais de 1.500 gelatinas a quem participou do banquete do dia anterior. Foram distrubuídos também frangos, peixes, doce e vinho asà diversas ordens religiosas da cidade.
Ao ar livre foi realizado um palco para danças. O palco foi decorado com tapeçaria (arazzi), enquanto as cadeiras com tecidos de cor roxa, verde, branca com os brasões dos Medici e dos Orsini. Cada vez que iniciava uma nova dança, tinha um stop para uma ou duas “merendinhas”.
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2 comentários
Raffaele · janeiro 13, 2020 às 4:03 pm
Muito bom. Parabéns!
Obrigado pela informação.
Cristiane de Oliveira · janeiro 21, 2020 às 8:55 pm
Agradecemos a sua participação. Um abraço de Florença!